Problema? Identifique e compreenda suas crenças

Crenças não são muletas psicológicas para mentes saudáveis.

Renato R Gomes Administrador

Novamente as crenças: se não as identificarmos e compreendermos, a qualidade de nossas vidas ficará inevitavelmente comprometida.
Relendo o livro O Homem que queria ser Feliz (de Laurent Gounelle), separei duas breves passagens, pela relevância do que dizem. A primeira:
“Quando você acredita em algo, isso o leva a adotar determinados comportamentos, que terão um efeito no comportamento dos outros de uma forma que, novamente, reforçará o que você acredita.”

Precisamos olhar para essa frase não como uma teoria chata de escola, mas como um mapa de como a nossa mente funciona agora, neste exato momento.
​Imaginemos que estamos sentados juntos, observando o movimento da vida. Aí, pergunto a você: “O mundo é o que ele é, ou o mundo é o que você pensa que ele é?”

Essa primeira passagem descreve um ciclo, ou uma roda que gira sem parar. Vamos avançar um pouco numa autoinvestigação, como cientistas de nós mesmos.

O mecanismo do espelho. O texto diz que, aquilo em que acreditamos, cria nossa realidade. Isso acontece porque a mente – sua e minha – não apenas “vê” o mundo; ela projeta um filme sobre o mundo. É como se fosse uma profecia autorrealizável. Metaforicamente, funciona assim:

A crença (a lente). Colocamos um óculos, colorido por uma ideia.
O comportamento (a ação). Porque usamos esses óculos, agimos de um jeito específico.
A reação do outro (o efeito). As pessoas reagem à nossa ação.
A Confirmação (o reforço). A reação delas nos prova que nossos óculos estavam certos o tempo todo.

Como isso se dá em nossas vidas?
Para compreendermos verdadeiramente, não podemos ficar apenas nas palavras. Vamos olhar, por exemplo, para o seu dia a dia de um adolescente na escola ou com seus amigos.
Ele pensa: “Ninguém gosta de mim.”
Imagine que ele acorde, acreditando que seus colegas de classe são chatos, ou que não o suportam. Seria “coincidência”? Não: a sua crença na baixa autoestima, de que é rejeitado na escola, apenas foi confirmada.

O comportamento. Como o jovem acredita nisso, chega na sala de aula de cabeça baixa, com a cara fechada. Logo, coloca fones de ouvido e não dá “bom dia” nem para sua própria sombra. Afinal, é resultado da crença “eles não gostam de mim”. Faz sentido?
A reação dos outros. Os seus colegas olham para ele e veem alguém fechado e bravo. O que fazem? Eles se afastam. Não falam com ele porque acham que quer ficar sozinho.
O reforço. Então, o garoto olha em volta, nota que ninguém fala com ele, e conclui: “Viu só? Eu sabia! Ninguém gosta de mim mesmo.”
​Simples perceber isso? Nós criamos nossa solidão ou o problema que for, por reclamarmos dela ou do incômodo da vez. A crença e o pensamento automático são viciosos e cíclicos, retroalimentando-se.

Outro exemplo: “Sou ruim em matemática.”
Agora, o menino colocou na cabeça a imagem de que não é capaz de aprender o raciocínio lógico.
O comportamento. Quando o professor começa a explicar, ele nem tenta ouvir.  Rabisca o caderno, mexe no celular ou conversa, porque sua mente já decidiu:“Não adianta tentar.”

A reação (do mundo e da prova). Chega a prova. Consequência: tira uma nota baixa, porque não prestou atenção e nem estudou a matéria.

O reforço. Ele olha para a nota vermelha e diz:“Não disse? Eu sou burro mesmo em matemática.”
​Ele não percebeu – como, em geral, quase ninguém percebe – que a crença inicial sabotou o seu esforço, gerando o resultado frustrante, o que somente confirmou a crença.
O convite à liberdade. A grande questão para todos nós, humanos, é: conseguimos perceber esse ciclo acontecendo no exato momento em que ele começa?
Se não percebemos, a tendência é sermos escravos de nossas próprias crenças. Viveremos num mundo pequeno, criado pelas nossas próprias projeções. Acharemos que o mundo é hostil, difícil, triste, ou que vida e sofrimento se equivalem, quando, na verdade, é o nosso comportamento, nascido de crenças, que está pintando o mundo com essas cores borradas.

Quebrando esse ciclo. Agora que “descobrimos a pólvora”, não tentemos mudar nosso comportamento à força. Vamos apenas observá-lo.
Quando pensarmos (julgarmos) de modo negativo (“aquela pessoa é metida”), temos que parar e nos perguntar:“Isso é um fato, ou é uma lente que eu estou usando?”
Mudando a lente – sorrir para o mundo sem motivo, ou dar-lhe abertura, sem medo – veremos, espantados, que o mundo mudará o comportamento em relação a gente. Mas não acreditemos nisso. Se testarmos, investigarmos, descobriremos, por nós mesmos, essa Verdade que liberta<span;> (a nossa mente).
A seguir, a segunda passagem.