Por pequenas atitudes, a pessoa mostra quem ela é.
Prejulgamentos ou pós-julgamentos, amizade sincera ou hipócrita, apego ou desapego a pessoas ou ideologias…. Por trás de tudo isso, de nossas condutas, atitudes, opiniões, convicções, crenças, estão subliminarmente escondidos os valores que temos internalizados no subconsciente, os quais inconscientemente ou não, motivam o que de fato exteriorizamos. Como não poderia deixar de ser, voltemos à política; ao lamentável episódio Moro versus Bolsonaro.
Por mais que Bolsonaro venha tomando certas decisões políticas que particularmente reprovo, é fato: é honesto e autêntico: por característica ínsita à sua personalidade, fala na cara o que pensa. Naturalmente, tornar-se oito ou oitenta: empático, verdadeiro e adorado; ou repugnante, enganador e odiado. Aos meus olhos até então, sinto empatia para com ele e considero-o verdadeiro, sem, contudo, apegar-me à sua pessoa.
Em respeito à minha consciência, dou-me o direito incondicional de avalizar ou não o que faz politicamente. Porém, uma íntima certeza a sua figura me passa: jamais vai nos trair. Digo mais: traição não significa tomar decisões que não aprovo. Até porque não tenho os assessores que ele tem e o influenciam diferentemente do que eu faria, não o assessoro, não vivo as pressões e o submundo da política nefasta que domina Brasília e o país, tendo que decidir “pra ontem” sobre tudo. Traição significa, sim, deslealdade; falar de você pelas costas e, na frente, fingir nada acontecer. Ou omitir-se, de modo que o resultado pérfido seja da mesma forma alcançado. É atitude puramente vinculada ao caráter. Ao mau-caráter. Psicológica e presumivelmente, o sujeito deve sofrer de dissonância cognitiva, “duplipensamento orwelliano“, sociopatia ou psicopatia. Saiba disso ou não.
Na minha hierarquia pessoal de valores – boa parte consolidada em educação militar e permanentemente sendo aperfeiçoada pelos aprendizados advindos do estudo e das lições da vida -, não admito condutas como a do cidadão Sérgio Moro. Repito: desaprovo muitas decisões do Bolsonaro; em especial, leis sancionadas e o relacionamento político e aparentemente amistoso que, em prol da tal “governabilidade”, busca levar com o que há de mais podre da essência humana, infiltrado no Judiciário e Legislativo. Sem contar as não reações institucionais do Poder Executivo diante de flagrantes usurpações de sua competência, promovidas por onze supremos juridicamente inatingíveis. Meus poucos cabelos vão desaparecendo. Paciência.
Aproveito, então, os fatos para autorrefletir e procurar evoluir em inteligência emocional e espiritual, sempre visando a ampliar minha consciência, sensibilidade intuitiva e precisão de minhas perspectivas de vida e mundo. Em última instância, faço logo um autoquestionamento mental de consolação instantânea: e se fosse o Haddad? Recomendo: o alívio é imediato! (Caso não o seja, pare a leitura agora; não é para você. Se quiser continuar, ótimo; estará concedendo-se o direito de abrir um pouco a mente, com novas informações e reflexões.)
Se você pensa de modo semelhante a mim, colocando, por exemplo, a lealdade e a honestidade intelectual como valores inflexíveis, digo, com toda certeza, que poderemos facilmente estar no mesmo barco. Agora, se você, por antipatia ou ojeriza do Bolsonaro, torce para o governo ruir; se é uma pessoa que aponta o dedo para criticar, mas não tem qualquer referente da vida real que denote o seu padrão do que seja “bom” e sirva de base para seus julgamentos falso-moralistas e justiceiros de araque; ou se você ficou feliz com a postura “exemplar” ou atitude “digna” de Moro, vibrando com a possibilidade hipotética de ver o governo federal demolido, tenha certeza de uma coisa: você absolutamente nada tem a ver comigo. (Não direi o que acho a seu respeito. Seria arrogância, egocentrismo e vaidade de minha parte; uma evidência de que não sei lidar bem com sentimentos que abomino. Isto requer treino diário.)
Independente disso, não lhe desejo o mal. Deixo-lhe especificamente duas perguntas para autorreflexão: 1) Por que você acha que está vivo (sentido da vida)? 2) Você vive para quê (missão de vida)?
Por fim, uma dica: não importam suas respostas às duas perguntas anteriores, porque, para alguém conhecê-lo, basta analisar suas amizades mais próximas, suas falas e atitudes. Ao fim e ao cabo, mesmo que você obtenha êxito em esconder quem realmente seja para os que estão no seu entorno, você só deve satisfação à própria consciência. Não à toa, talvez a ignorância e a inconsciência prestem-lhe como “santos remédios” à racionalização da autoilusão, não obstante a regra “Quem com porcos anda, farelo come”, ou – em linguagem crística – “A semeadura é livre, mas a colheita, obrigatória”, ser inevitavelmente aplicável a todos nós, indiferentes a vontades ou crenças individuais que portamos.